“A Casa em que, Volume I”, de Mariam Petrosyan: uma espécie de “Harry Potter” ao estilo de Julia Ducournau

No início da década de 1990, uma jovem armênia que trabalhava na Armenfilm, uma empresa de animação de Yerevan, começou a escrever ficção. " Minhas primeiras histórias eram estranhas ", confidenciou Mariam Petrosyan mais tarde. " Pareciam parte de um grande romance." Sua intuição estava correta: o enorme manuscrito teria 800 páginas e levaria 18 anos para ser escrito. Ela o deu a uma amiga para ler, que o passou para seu filho, que então deu o texto a um conhecido, que o esqueceu em um armário por três anos. Uma amiga pegou o texto, leu de uma só vez e o passou para a próxima pessoa. Uma coisa levou à outra, e ele acabou nas mãos de uma editora russa, que o publicou em 2009. Os leitores descobriram assim o misterioso internato para alunos com deficiência que serve de cenário para "A Casa em Que", com seus heróis com nomes estranhos, Tabaqui, Pompeu, Babillard, Cher Ami, Tuk-Tuk. Não é de se admirar que o livro tenha despertado a curiosidade imediata de leitores entusiasmados logo após seu lançamento, e as interpretações mais bizarras da internet. "'A Casa' é uma sucessão de paredes cuja tinta nunca para de descascar. São também lances intermináveis de degraus estreitos. Mosquitos dançando sob as lanternas da sacada."

Traduzido para vários países, o livro foi descoberto na França por Dominique Bordes, também editor de "La Maison des feuilles", do igualmente lendário Mark Z. Danielewski. Bordes publicou o livro pela primeira vez em 2016, como um volume muito grosso e fuliginoso. Ele agora está relançando esta obra-prima em três volumes de capa dura. É o único texto conhecido de Mariam Petrosyan. É um romance de ferrugem e osso, "Harry Potter"...

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